Dotz chega às Farmácias Permanente

Clientes vão poder acumular pontos ao realizar compras na rede e trocá-los por produdos

Publicado em: 26/06/2017 18:11

A Dotz fechou parceria com a rede de Farmácias Permanente, que possui 92 lojas espalhadas por cidades de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Desde o dia 12 de junho, todas as lojas da rede participarão da rede de fidelização e poderão trocar pontos acumulados por diversos produtos. A parceria prevê DZ 1 a cada R$ 2 em compras em não medicamento e DZ 1 a cada R$ 4 na compra de medicamentos.

“Estamos trabalhando forte para fazer a vida do cliente render cada vez mais. Esses 92 PDVs da Permanente se juntam a tantos outros PDVs de supermercados, postos de gasolina e varejos de especialidade, ampliando ainda mais a coalizão da Dotz. Destaco uma grande novidade para esse lançamento: o cliente poderá pagar suas compras direto no caixa da Permanente utilizando seus Dotz, é só informar sua senha Dotz e seu CPF”, afirma Carlos Magno, diretor regional da Dotz no Nordeste.

App de farmácias aceita receitas de remédios de manipulação

Da Redação

O Farmácias App (Android, iOS), marketplace de redes varejistas de saúde e beleza, incluiu uma nova funcionalidade: o envio de receitas de remédios manipulados. Depois de mandar o pedido, o usuário recebe de volta orçamentos das farmácias de manipulação cadastradas na rede do aplicativo. Hoje o Farmácias App conta com três farmácias de maniupulação, três grandes redes de farmácias, duas redes de cosméticos, uma loja de produtos hospitalares e odontológicos, duas lojas de suplementos, uma loja de produtos para cuidados infantis e uma loja de aparelhos de cuidados pessoais.

Farmacêuticos questionam negócio da maconha estatal no Uruguai

(Arquivo) Uma planta de maconha é vista em Caloto, Colômbia, no dia 23 de maio de 2016 – AFP/Arquivos

AFP
26.06.17 – 19h43

Os farmacêuticos do Uruguai se mostram céticos sobre a rentabilidade da venda de maconha sob o controle do Estado, segundo declarações difundidas nesta segunda-feira.

Os donos de farmácias, locais onde se deveria vender a maconha com fins recreativos no âmbito de uma lei de regulação aprovada em 2013, se mostram preocupados pela quantidade de inscritos no registro que permitirá o acesso à maconha estatal, e a consequente viabilidade do negócio.

“Até agora não vimos nada concreto, não há um cronograma, não sabemos como vão preparar as pessoas que vão vender”, disse ao jornal El Observador Martín Álvarez, gerente geral da San Roque, uma das maiores redes de farmácias do Uruguai.

O governo anunciou que a venda de maconha em farmácias, que estará disponível para cidadãos e residentes legais que se inscrevam em um registro oficial, começaria em julho.

Desde que começou o processo de inscrição, em 2 de maio, 4.339 pessoas foram registradas, segundo dados do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA).

“Se temos 5.000 possíveis clientes disseminados por todo o país, e a maioria deles estaria em Montevidéu, teríamos apenas 10 ou 20 clientes por mês no interior, o que de nenhuma forma é negócio”, disse Álvarez ao jornal.

O presidente da Associação de Farmácias do Interior, que reúne os estabelecimentos fora da capital, Fermín Aguiñarena, disse à rádio local Carve nesta segunda-feira que “muitos (farmacêuticos) estão esperando para ver o que acontece (…) para se registrarem” ante o IRCCA.

“Precisamos fazer os cálculos”, afirmou Aguiñarena. O volume máximo mensal de compra de “40 gramas, a 0,30 de dólar, dá 12 dólares por mês. Isso tem que ser multiplicado pela quantidade de usuários. (…) Se forem 10 não dá resultado”.

O Uruguai aprovou uma lei de Regulação da Cannabis que habilita três mecanismos para ter acesso legalmente à droga: o autocultivo em casa, o cultivo cooperativo em clubes e a venda de maconha produzida por empresas privadas controladas pelo Estado através de farmácias, última etapa que resta para implementar completamente a norma.

Criciúma não terá mais atendimento da Farmácia Popular do Brasil

23/06/2017 Decisão foi proferida pela Comissão Intergestores Tripartite – CIT, do Ministério da Saúde, no dia 30 de março de 2017.

Com o fim do repasse de manutenção e operacionalização, a unidade do Programa Farmácia Popular em Criciúma, instalada na Rua Henrique Lage, no Centro, terá sua atividade encerrada na próxima sexta-feira (30).

Um ofício enviado para a Secretaria Municipal de Saúde no dia 14 de junho, pelo Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos – DAF do Ministério da Saúde, decretou o encerramento das atividades. A meta do Governo Federal é encerrar o serviço em todo o Brasil até o mês de agosto.

Segundo a coordenadora da Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde, Larissa de Oliveira, os recursos que o Ministério da Saúde enviava para manutenção do local passará a incrementar as farmácias da rede municipal.

“Todos os medicamentos que estão hoje na Farmácia Popular serão distribuídos entre as Unidades de Saúde de Criciúma. A verba que era destinada para este atendimento será repassada para o melhoramento do abastecimento nas farmácias dos postos. Vamos destinar de forma mais adequada para ações que são prioridades no município”, comenta.

As pessoas que utilizam o programa “Aqui tem Farmácia Popular” continuarão sendo atendidas em todas as farmácias de Criciúma que possuem o selo.

Colaboração: Milena dos Santos / Comunicação Prefeitura de Criciúma

Anvisa pode liberar vacinação em farmácias; entidades criticam proposta

25/06/2017 20h04 Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está elaborando regulamentação que trata sobre os requisitos mínimos para o funcionamento dos serviços de vacinação no país. A norma já passou por consulta pública e, se aprovada, permitirá que farmácias apliquem vacinas. Entretanto, entidades médicas temem que a resolução possa precarizar o serviço de vacinação e colocar em risco a população.

Segundo a Anvisa, a permissão para farmácias disporem de vacinas está prevista na Lei nº 13.021/2014, que trata sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas, e, com ela, a regulamentação vigente sobre o controle sanitário para estabelecimentos privados de vacinação, se tornou insuficiente para farmácias e drogarias.

“A fim de diminuir o risco da população brasileira frente ao possível uso e administração inadequados de um medicamento tão peculiar quanto a vacina, principalmente em estabelecimentos que não têm um histórico antigo na prática da vacinação, a Anvisa propõe norma sanitária com requisitos mínimos para a prestação dos serviços de vacinação”, diz a Anvisa, na justificativa da proposta.

Atualmente, além da rede pública, somente clínicas de vacinação podem oferecer o serviço, regulamentadas pela Portaria Conjunta Anvisa/Funasa nº 01/2000.

Entre outras exigências, pela norma atual, a clínica deve ter um médico como responsável técnico pelo estabelecimento. Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, essa exigência é muito importante e está sendo retirada da nova proposta. “Ela tira a obrigatoriedade de maca, consultório e médico para atender evento adverso, desde o desmaio até anafilaxia. Isso não é serviço de vacinação, é aplicação de injeção”, disse ela, explicando que o médico especialista em vacinação é importante desde a triagem até o diagnóstico de reação à vacina.

A proposta de regulamentação em análise na Anvisa diz que o estabelecimento deve ter um profissional habilitado e capacitado para o serviço de vacinação. Também prevê que, em caso de intercorrências, ele deve garantir o encaminhamento do paciente ao serviço médico. E as vacinas que não fazem parte do calendário oficial do Programa Nacional de Imunizações deverão ser feitas mediantes prescrição médica.

Riscos à população

Para Isabella, esses requisitos não são suficientes e, acabar com as regras atuais pode ser prejudicial para a cobertura vacinal, pois um serviço precário de vacinação pode levar medo às pessoas. “A SBIm não discute onde a vacina é aplicada, na clínica médica ou farmácia, o que defendemos é a qualidade e manutenção das normas para que a vacinação não seja banalizada e a população não corra risco de erros. As normas deveriam ser mais exigentes e não menos”, disse a médica.

“Estamos falando de movimentos de antivacinismos, mitos, medos, famílias que circulam informações erradas em redes sociais. Um erro pontual pode fazer a população perder a confiança na imunização. Que sejam bem-vindas as farmácias, desde que o rigor nas exigências seja mantido”.

O presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), Geraldo Barbosa, concorda que os requisitos mínimos propostos podem prejudicar os serviços. “Não somos contra vacina estar em farmácias. Mas temos um nível de exigências que se provou muito eficaz para conseguir os resultados de imunização. Então, se vai entrar farmácia nesse mercado, porque flexibilizar a lei?”, disse, informando que os laboratórios de análise clínica passaram a oferecer vacinas porque se enquadraram na legislação atual.

Segundo a presidente da SBIm, também é errado falar em maior acesso da população às vacinas, pois as farmácias devem priorizar grandes mercados. Além disso, ela explica que a indústria de vacina não foi levada em conta para a edição da proposta de regulamentação. “A falta de vacinas que vivemos na rede privada é absurda, e isso deve ser colocado em discussão. E com o aumento dessa rede pode ser que se tenha menos vacinas ainda porque os fabricantes não conseguem atender o mercado”, argumentou Isabella.

Barbosa complementa dizendo que a previsão para a demanda atual de vacinas ser normalizada é entre 2020 e 2022, porque os laboratórios já estão no limite de produção e novas fábricas estão sendo construídas.

Interesse comercial

Para ele, o interesse comercial das farmácias é apenas na vacina contra gripe. “Não estão preocupados com o esquema vacinal completo”, disse. Segundo Barbosa, a vacina contra gripe é o que ajuda a manter o custo operacional das clínicas de vacinação, já que a operação de outras vacinas é quase negativo. Então, para ele, a nova regulamentação pode prejudicar a qualidade e acesso ao serviço quando as clínicas começarem a cortar custos com outras vacinas para pode competir no mercado.

A norma ainda está em elaboração e recebeu centenas de contribuições durante a consulta pública, que ocorreu no mês de maio. Não há prazo para a votação no colegiado da Anvisa.

Para o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter da Silva Jorge João, a possibilidade das farmácias aplicarem vacina é uma ação social e as farmácias irão se adequar à regulamentação da Anvisa para garantir a qualidade do serviço e as condições impostas.

“Temos que ver as farmácias como unidades prestadoras de atenção à saúde e assistência farmacêutica, que têm sua contribuição com as políticas de saúde do país. É um avanço social. E vacina é medicamento e, sendo medicamento, o farmacêutico tem propriedade para fazer a aplicação”, disse.

Segundo João, a indústria precisa ter um olhar positivo para a situação dos estoques, pois vai aumentar o número de postos que passarão a oferecer as vacinas. O presidente do conselho ressalta ainda que o Brasil possui 80 mil farmácias e a concorrência com as clínicas de imunização vai ajudar na queda dos preços de vacina para a população.

A proposta de regulamentação sobre os requisitos mínimos para o funcionamento dos serviços de vacinação no país está disponível na página da Anvisa.
Edição: Maria Claudia

Vendas em farmácias brasileiras crescem mais de 10% em valor até abril, mas recuam em volume

Coluna do Broad

23 Junho 2017 | 07h12

As vendas nas farmácias brasileiras cresceram 10,8% em valor nos últimos doze meses até abril em relação ao intervalo anterior, segundo levantamento realizado pela QuintilesIMS. No entanto, se for considerado o volume de medicamentos vendidos houve retração de 1,5% no mesmo período. Uma das razões para essa resultado foi o aumento dos preços dos medicamentos, conforme a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar).

Anorexígenos chegarão antes às farmácias de manipulação

Presidente em exercício, Rodrigo Maia sanciona lei que libera a venda de anfetamínicos

Litza Mattos

O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ignorou a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sancionou, sem vetos, nessa sexta-feira (23), a lei que autoriza a produção, a venda e o consumo de emagrecedores e inibidores de apetite à base de anfetamina – anfepramona, femproporex e mazindol.

O projeto aprovado no último dia 20 pela Câmara dos Deputados suspende de imediato os efeitos de resolução da Anvisa de 2011, que proibiu a comercialização desses três medicamentos no país.

“Entendo o drama de milhares de brasileiros que têm níveis perigosos de obesidade e precisam ser levados a sério”, publicou Maia em uma rede social.

No entanto, a comercialização desses remedios não será imediata, pois, caso algum laboratório tenha interesse em retomar a produção, terá de entrar com pedido de registro na Anvisa. Para isso, será necessário apresentar estudos clínicos comprovando a eficácia e segurança do remédio.

Porém, segundo a Anvisa, a regra não vale para as farmácias de manipulação. Esses estabelecimentos poderão importar livremente a matéria-prima para usá-las em formulações individuais, prescritas por médicos especialmente para cada paciente.

A reportagem de O TEMPO entrou em contato por telefone com duas farmácias de manipulação de Belo Horizonte – Amphora e Anagallis. Conforme informaram as atendentes, o fornecimento ainda depende de um preparo do estabelecimento e do recebimento das substâncias. A previsão é de que a comercialização comece dentro de dez dias na Anagallis e em um mês na Amphora.

De acordo com a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), ainda não é possível estabelecer um prazo para a oferta dos produtos. Por telefone, a assessoria de imprensa informou que as farmácias devem aguardar um posicionamento oficial da Anvisa.

Antes de tomar a sua decisão, Maia fez consultas a entidades médicas para assinar a medida. O Conselho Federal de Medicina (CFM), por exemplo, manifestou apoio à sanção da lei.

De acordo com o psiquiatra e terceiro vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, o órgão entende que “a retirada das substâncias do mercado trouxe prejuízo efetivo para o tratamento da obesidade mórbida”.

Além disso, Fortes reconheceu que, antes do veto, havia uma falha na fiscalização e, por isso, agora deve ser feito um “rigorosíssimo controle em toda a cadeia” para que seja evitado o uso abusivo dessas drogas. Por outro lado, ele defendeu a autonomia do profissional da saúde. “A prescrição deve ser uma decisão do médico (endocrinologista ou nutrólogo)”, afirmou.

Inconstitucional. A Anvisa criticou a lei que, para a agência, “além de ser inconstitucional, pode representar grave risco para a saúde da população”. Segundo nota publicada em seu site, a Anvisa questionou que, legalmente, cabe à ela a regulação sobre o registro sanitário dessas substâncias, após rigorosa análise técnica sobre sua qualidade, segurança e eficácia, processo este que o Congresso não fez”.

Receita azul. A Câmara dos Deputados havia aprovado o projeto que libera a venda desses medicamentos, sob prescrição médica do tipo B2 (receita usada para substâncias psicotrópicas anorexígenas).

A febre das farmácias em Cuiabá

Mato Grosso tem praticamente quatro vezes mais farmácias do que o recomendado pela organização mundial da saúde

JOANICE DE DEUS
Da Reportagem

Quem transita pelas principais vias da Capital fica com a sensação de que há uma farmácia em cada esquina. E é quase isso. Com menos de sete quilômetros de extensão, a Avenida do CPA, em Cuiabá, tem 20 desses estabelecimentos. O ápice da overdose é um trecho de 200 metros, entre o viaduto do CPA e a Rua da Cereja, onde estão concentradas seis lojas.

Há no segmento uma preferência pelos pontos de esquina. É o fenômeno das cornershops, uma estratégia para ter maior visibilidade e atrair os consumidores que ziguezagueiam em busca de ofertas e descontos. Nessa disputa, entram também as garrafas de chá e café, as cadeiras de espera, estacionamento e até brinquedoteca.

Com 285 farmácias e drogarias, Cuiabá tem um estabelecimento para cada 1,9 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que essa relação seja de uma para 8 mil habitantes. Sinal de tempos “hipocondríacos e narcísicos”, diz o psicanalista Mario Corso. Em duas décadas, o número de farmácias cresceu 45% na cidade.

Mas essa proliferação não é exclusividade de Cuiabá, que ocupa a nona colocação no ranking das capitais brasileiras. Nos últimos anos, a febre se alastrou para municípios do Interior. Mato Grosso conta, atualmente, com 1812 farmácias e drogarias comerciais, o que significa um salto de 45% em cinco anos (dados do Conselho Regional de Farmácia do Estado, o CRF-MT, indicam que em 2013 existiam 1249 estabelecimentos). Ou seja: uma farmácia para cada 1,6 mil habitantes, proporção próxima da Capital.

O que explicaria o fenômeno? A indústria farmacêutica tem o diagnóstico na ponta da língua: o crescimento da classe média, o aumento da expectativa de vida, a diversificação do negócio e o melhor acesso a diagnósticos e tratamentos seriam algumas das causas da expansão.

“O aumento da quantidade de farmácias é reflexo da demanda por qualidade de vida, de estar bem consigo mesmo. É uma demanda dos tempos modernos e, além disso, o Brasil está envelhecendo”, avalia o presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto.

Há, no entanto, quem considere o boom de estabelecimentos farmacêuticos sintoma do descontrole de uma complexa engrenagem envolvendo laboratórios, médicos e pacientes e que leva ao excesso de medicalização da vida.

Autor do livro Voltando ao Normal (Versal Editores, lançado no Brasil em 2016), o renomado psiquiatra norte-americano Allen Frances afirma que milhões de pessoas saudáveis – incluindo crianças – estão tomando remédios sem necessidade. Ao contrário do que muitos pensam, a culpa, segundo ele, não é do nosso atual ritmo alucinante de vida, mas da “inflação diagnóstica” induzida pelos fabricantes de pílulas.

“A vida sempre foi difícil. O crescimento de transtornos mentais não ocorre porque a vida está mais estressante ou porque estamos adoecendo mais. Está relacionado com o interesse comercial dos laboratórios, o desorganizado sistema médico e alguns critérios de diagnóstico mais frouxos – diz Frances, em entrevista por e-mail.

Na avaliação da psicóloga Helivalda Pedroza Bastos, a dependência de pílulas foi gerada, ao longo dos anos, a partir de ações deliberadas dos laboratórios para disseminar a “cultura do remédio”. A pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) diz que as pessoas passaram a confiar mais nos comprimidos do que na própria resiliência. Uma das consequências seria o uso abusivo de medicamentos, como a Ritalina, utilizada no tratamento do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), sobretudo em crianças e adolescentes. Em 10 anos, o consumo do medicamento saltou 775% no país.

Pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o médico Flavio Danni Fuchs, autor do livro Farmacologia Clínica e Terapêutica, afirma que o ser humano é movido pelo “instinto de cura”. Em busca de alívio, lota as farmácias, que são vistas como uma espécie de “paraíso”, onde há solução para quase tudo: “As pessoas são suscetíveis a imaginar que os remédios são mais eficazes do que realmente são. Muitas coisas têm uma resposta independentemente do tratamento. É o famoso efeito placebo. Por isso, costumo dizer para meus pacientes: não faça nem da doença nem do remédio o centro da sua vida”.

LEGISLAÇÃO – Presidente do CRF-MT, o farmacêutico Alexandre Henrique Magalhães, 37 anos, diz que “ao mesmo tempo que pode parecer um número elevado de farmácias é preciso analisar também a distribuição geográfica desses estabelecimentos. Pois existem localizações que podem estar desprovidas ou com acesso difícil e do outro lado podemos ter localizações com estabelecimentos em número excessivo. Uma análise que deve ser feita junto com a quantidade de estabelecimento é quanto à distribuição deles e ainda como se apresenta esse estabelecimento para sociedade”, disse.

Vários conselhos de farmácias no país defendem leis de zoneamento urbano, estabelecendo distância mínima entre as lojas, poderiam evitar a alta concentração que estimula a automedicação. Houve, recentemente, a tentativa de incluir essa exigência em uma legislação federal, mas não vingou. Entidades como a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) argumentam que a medida fere princípios constitucionais como os da “livre iniciativa, da livre concorrência e do livre exercício de qualquer atividade econômica”.

O modelo de negócio inspirado nas drugstores norte-americanas é alvo de críticas. O médico José Ruben Bonfim, coordenador da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), defende que as farmácias e drogarias deixem de ser estabelecimentos comerciais, que também vendem produtos de higiene e beleza, e sejam apenas estabelecimentos de saúde. É o que determina a Lei 13.021, sancionada em 2014, mas ainda pendente de regularização. Membro do Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, Bonfim considera fundamental o fim do enquadramento de medicamentos como isentos de prescrição médica. Essa distinção, segundo ele, “só interessa ao mercado” e leva as pessoas a acreditarem que os produtos com essa classificação não causam danos à saúde.

“É um problema muito sério. Você entra numa farmácia e é só estender a mão e sair enchendo uma sacola de venenos. Um remédio, mesmo autorizado pela Anvisa, pode ser um veneno. Não tem cabimento se vender anti-inflamatórios do jeito que se vende no país. Muito tardiamente passamos a controlar os antibióticos. As tragédias que estamos vivendo são tragédias ocultas”, disse.

Autora do livro Tarja Preta, a jornalista Marcia Kedouk lembra que “medicamentos salvam e prolongam vidas e não faz sentido ser contra eles”: “A questão é o excesso. Muitos dos nossos males não são tratáveis com comprimidos e a medicalização cria uma ditadura da felicidade. Todo mundo precisa estar sempre bem e feliz. Acontece que sentimos dor e tristeza, ansiedade, medo e desânimo. Faz parte da natureza humana e nem sempre requer um remédio”.

Farmácia Popular em Santos fecha no dia 30; veja onde retirar medicamentos

Pacientes com receituário podem obter remédios gratuitamente na rede pública

Da Redação
24/06/2017 – 18:54 – Atualizado em 24/06/2017 – 19:38

Para atender à demanda das duas unidades da Farmácia Popular, que serão fechadas em Santos no próximo dia 30, pacientes com receituário da rede municipal podem retirar os medicamentos gratuitamente nas policlínicas e nas unidades do Ambulatório de Especialidades (Ambesp) e do Centro de Apoio Psicossocial (Caps).

Na rede particular, eles podem comprar remédios nas 57 farmácias da Cidade conveniadas ao Programa Aqui Tem Farmácia Popular.

O encerramento das atividades da Farmácia Popular é consequência do fim do repasse federal para o serviço, definido em março. No último dia 14, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu ofício do ministério que autoriza o fechamento das farmácias. No dia 22, a Prefeitura publicou no Diário Oficial os decretos que estabelecem a medida, já discutida e aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde em 25 de abril.

Inauguradas em dezembro de 2009, as unidades fazem parte do convênio entre o Município e a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), que mantém medicamentos a preço de custo para a venda. Em Santos, elas funcionam dentro do prédio da Universidade Católica de Santos (UniSantos) na Rua da Constituição, 321, e na Avenida Nossa Senhora de Fátima, 555, no Chico de Paula. 

Os valores são repassados integralmente à fundação, além de itens dispensados gratuitamente. No ano passado, cada farmácia arrecadava, por mês, entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil com a venda média de 650 unidades (como blisters e frascos de remédios).

Gastos

Para funcionar de segunda-feira a sábado, cada farmácia custa em torno de R$ 50 mil mensais — totalizando-se, portanto, R$ 100 mil as duas unidades. Como o repasse do governo federal era de R$ 12,5 mil mês por farmácia (ao todo, R$ 25 mil), o Município despendia mais $ 37,5 mil por unidade (R$ 75 mil às duas) para cobrir gastos como os de aluguel, funcionários, água e luz. 

Segundo a Prefeitura, os 16 servidores que atuam nas unidades — nove técnicos de farmácia, quatro farmacêuticos, dois auxiliares de serviços gerais e um oficial de administração — serão alocados para outros serviços do Município.

Em julho, um inventário será realizado para quantificar o estoque excedente de medicamentos, que deverá ser integrado às farmácias e aos dispensários da rede se houver aprovação do Ministério da Saúde. 

Mais difícil conseguir remédio

Governo vai fechar últimas 400 Farmácias Populares do país até 31 de julho; em Minas, serão 38

Joana Suarez

A dona de casa Vanilda Rabelo, 64, recebeu há poucos dias a notícia de que a “farmacinha” – como os moradores de Itaúna, na região Central do Estado, chamam carinhosamente a Farmácia Popular da cidade – vai fechar. Desde que a unidade abriu, em 2006, ela e pelo menos 3.000 moradores compram seus remédios lá todos os meses, com descontos de até 90% devido ao programa criado pelo governo federal. Mas o Ministério da Saúde (MS) decidiu encerrar a rede de Farmácias Populares em todo o país, e as últimas vão funcionar até 31 de julho. Em Minas, ainda há 38 unidades em municípios de várias regiões. No Brasil, são cerca de 400.

Há alguns meses, os remédios já vinham sendo reduzidos nas Farmácias Populares, até que, na última quinta-feira, Vanilda já não conseguiu mais comprar a fluoxetina, que ela utiliza para tratar sua depressão. Se na ‘farmacinha’ ela comprava por R$ 3,40, na drogaria particular precisou desembolsar quase o triplo, R$ 9. “Se fechar mesmo, vai ser muito triste. Mas Deus vai dar força”, disse.

A aposentada Hilda Gonçalves, de 72 anos, também recorre a Deus, pois precisa da ‘farmacinha’ em Itaúna para comprar para ela e para o marido remédios para diabetes, pressão, ansiedade e insônia. “Se Deus quiser, não vai fechar (a Farmácia Popular). Vai fazer muita falta para os pobres”, comentou. Ela toma três comprimidos por dia e não consegue dormir sem a medicação. “Rivotril e fluoxetina não tem no posto de saúde. Nas farmácias privadas, é muito caro. Eu recebo um salário mínimo”, contou.

Medicamentos para diabetes, pressão e asma já são fornecidos gratuitamente ou com até 90% de desconto nas drogarias particulares credenciadas pelo programa Aqui Tem Farmácia Popular. Mas, segundo o Conselho Nacional de Saúde (CNS), essa opção só oferece 25 tipos de remédios, e a Farmácia Popular tem 112 itens para tratar hipertensão, diabetes, depressão, asma, infecções, enxaqueca, queimaduras e inflamações, por exemplo, além de contraceptivos e fraldas geriátricas.

Postos de saúde. A partir de agosto, outra alternativa da população será obter os comprimidos nos centros de saúde. Porém, não é garantido que toda a lista das Farmácias Populares seja contemplada nos postos. “A decisão (do MS) foi tomada sem o envolvimento da sociedade, e não haverá um período de transição. Nossa preocupação é que a assistência farmacêutica ainda não esteja organizada em vários municípios e que os pacientes fiquem desassistidos”, destacou a representante do CNS Lorena Baía.

O secretário de Saúde de Itaúna, Fernando Meira de Faria, acredita que o fechamento das Farmácias Populares vai aumentar a demanda nas unidades básicas em torno de 40%. “Estamos nos preparando para diminuir o impacto que esse fechamento vai provocar. A gente foi pego de surpresa”, afirmou. De acordo com ele, os postos fornecem em torno de cem remédios, mas “tem hora que um ou outro falta”, pois a oferta de medicamentos pelo município precisa de licitação e está sujeito a atrasos de repasses do Estado e da União.

Lista não irá crescer

Doenças. O Ministério da Saúde justifica que a maior parte dos 112 remédios adquiridos na Farmácia Popular são para diabetes, hipertensão e asma e estão no rol dos 25 ítens da rede particular conveniada. Não há previsão de aumentar a lista das conveniadas.

Mais

Rede SUS. Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ribeirão das Neves e outros municípios da região metropolitana já não têm Farmácia Popular. Os moradores precisam acessar a rede SUS para obter os medicamentos.

Determinação. Em Sete Lagoas, na região Central, há duas unidades. “Recebemos um comunicado do Ministério da Saúde para fechá-las em 30 de junho. Temos seis farmácias municipais, mas não sabemos como ficará a demanda”, disse o secretário de Saúde Magnus Silva.

Na internet
Abaixo-assinado pede a manutenção da rede

Um abaixo-assinado na internet com mais de 10 mil assinaturas pede a manutenção da rede de Farmácias Populares. Além dos prejuízos à população, cerca de 2.000 trabalhadores serão demitidos. São funcionários das 400 unidades do país e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pelo fornecimento dos remédios às unidades do programa.

“Só no ano passado, o programa atendeu mais de seis milhões de pessoas, mesmo com a redução do estoque”, diz o texto do abaixo-assinado. A página no Facebook Contra o fechamento da Farmácia Popular do Brasil contém vários depoimentos.

O Ministério da Saúde (MS) alega que o gasto administrativo com a rede própria é alto, em torno de R$ 80 milhões, mas trabalhadores da Fiocruz contrapõem que as farmácias tinham retorno financeiro com os medicamentos pagos com desconto pela população e que o MS gasta R$ 2 bilhões para pagar as 34 mil drogarias privadas do país que vendem remédios a preços populares. (JS)